domingo, 25 de setembro de 2011

Julho de 2010
Andava eu a tratar uma fissura anal quando, numa consulta de rotina, onde era suposto confirmar o resultado positivo do tratamento a esta fissura, a médica diz-me que eu tenho que ir fazer outro exame que esclarecesse
 aquilo que se passava, porque o tratamento não tinha resultado. Aí eu comecei a ficar preocupada, chorei com dores físicas e psicológicas. Quis logo saber a opinião da médica, se era tumor anal, mas ela remeteu para o resultado do próximo exame.
Passados 15 dias vou fazer uma Rectosigmoidoscopia e a médica acabou por me fazer uma biópsia devido ao aspecto e logo à desconfiança de que haveria algo de anormal. Ouvi os médicos comentarem que seria para radioterapia e, logo aí, fiquei muito angustiada, mas ainda com alguma esperança. Pensei que talvez se tivessem enganado, não deveria ser tão mau como eu e eles  estávamos a supor.
Uma semana depois tive o resultado da biópsia e aí o mundo caiu em cima de mim. Deixei de pensar em mais nada, todas as outras conversas me aborreciam. Apenas queria encontrar o caminho certo para a minha "cura". 
Enchi-me de coragem para contar aos familiares e amigos e ganhei uma força impressionante para dar ânimo a quem estava ao pé de mim e precisava. Fui firme ao dizer que tínhamos dois a três dias para barafustar, gritar,chorar e  bater com a cabeça nas paredes. A partir daí, de cabeça erguida, só deveríamos pensar nos próximos passos a dar e caminhar sem olhar para trás. 
Seguiram-se vários exames complementares: análises, exame ginecológico, ecoendoscopia, ecografia abdominal, TAC e colocação de cateter venoso central.
Agosto de 2010
Comecei a saga das consultas de radioterapia e de oncologia. Aí foi estadiado o tumor - T3 - o que fez com que eu tomasse consciência de que não se tratava de um problema simples. Mas, apesar dessa consciência, agarrei-me com toda a força à vida e decidi começar a pensar positivo e que eu não me iria preocupar mais com as pequenas chatices do dia a dia.
Nesta altura uma amiga minha faleceu com leucemia. Fui despedir-me dela com um sentimento de que qualquer dia poderia ser eu a partir, apenas ela tinha iniciado esta caminhada um pouco mais cedo.
Guilhermina, descansa em paz.



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